Deputado português pede para presidente refletir privatização da RTP

Defensor do serviço público de rádio e televisão, Ribeiro e Castro, deputado do CDS, apela ao Governo para que "reflicta bem" na privatização de um dos canais da RTP, até porque é "desconhecida a seriedade e a consistência dos interessados". E diz que se a alienação fosse adiada, no âmbito de conversações com o PS a propósito do Orçamento, "seria uma boa notícia".

Em declarações ao PÚBLICO, Ribeiro e Castro apela a que o Governo não avance para a alienação de um dos canais sem saber quem são os interessados. "É um dossier que não se pode avançar mais um milímetro: sem saber se há interessados e sem saber a sua seriedade e consistência", afirma o deputado, lembrando que, "há 20 anos, quando se abriu a televisão à iniciativa privada, sabia-se quem eram os interessados e a sua solidez".

O antigo líder do CDS diz compreender a necessidade de aplicar planos de austeridade na empresa, mas insiste que o Governo devia ouvir as vozes do mercado. "Estão todas contra. Será que estão todas erradas?", questiona. O CDS, no seu programa eleitoral, manifestava prudência na privatização da RTP e Paulo Portas tem mostrado muitas reticências sobre essa operação.

Ainda no âmbito da aplicação dos cortes na RTP, Ribeiro e Castro mostra preocupação com a possibilidade de o serviço português do Euronews encerrar. O Governo está a analisar o contrato com o Euronews, já que o serviço custa cerca de dois milhões de euros por ano à estação pública.

Se acabar a emissão em português, que chega a 98 milhões em todo o mundo, será "a segunda machadada violenta na língua portuguesa", sustenta Ribeiro e Castro, referindo-se à questão dos dossiers das patentes como o primeiro golpe. O deputado sugere que se abram negociações para imputar parte do custo como serviço público aos distribuidores de televisão por cabo. "Pode ser encontrada uma forma de repartir custos, associar os distribuidores de televisão por cabo que têm uma licença, têm que participar no objectivo", afirma, sublinhando que esta solução até pode passar por medidas legislativas para que esses operadores possam assumir uma parte de serviço público. Contas feitas, o encargo para o contribuinte seria entre 50 cêntimos e um euro por ano, uma quantia "irrisória", tendo em conta o número de assinantes das operadoras. O deputado considera que está em causa o prestígio da língua portuguesa: "Não podemos dizer que o Português é a terceira língua europeia global e depois assistir passivamente ao desaparecimento do Português dos vários patamares internacionais."

Com Sofia Rodrigues

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