RTP “arrumada” em 2014, mas cortes na despesa vão continuar
Uma RTP reestruturada, já a funcionar com os novos contratos de
concessão de serviço público e estatutos, mais independente e plural, e a
custar menos. Mas também mais focada como programadora e agregadora de
conteúdos do que produtora e com canais internacionais que promovam a
economia, a cultura e a língua portuguesa no estrangeiro.
Esta é a imagem que fica do
serviço público de televisão e rádio no anteprojecto das Grandes Opções
do Plano (GOP) para 2014, a que o PÚBLICO teve acesso.
De acordo
com o documento, “a prossecução do Plano de Desenvolvimento e
Reestruturação da RTP entrará na sua fase conclusiva no decorrer do ano
de 2014”. Tendo em conta que 2013 é o último ano em que a empresa recebe
a indemnização compensatória do Orçamento do Estado, e que terá de
passar a funcionar apenas com os 180 milhões de euros anuais vindos da
Contribuição para o Audiovisual e da publicidade, o Governo admite que
terão de existir mais medidas de contracção da despesa.
Depois do
processo de rescisões amigáveis, que está praticamente concluído – e que
não atingiu os valores de poupança necessários –, dos cortes nas outras
despesas de funcionamento, é certo que “continuarão a ser lançadas
medidas de modo a ajustar a operacionalidade da RTP às novas dotações
financeiras, sem perder o horizonte fundamental da sua missão de serviço
público”, lê-se no documento.
Os canais Internacional e África
serão remodelados para, além da ligação às comunidades portuguesas
espalhadas pelo mundo e da cooperação entre os países que falam
português, assegurarem a “promoção económica e cultural de Portugal e da
língua portuguesa no estrangeiro”.
Até ao final deste ano
entrarão em vigor os novos contratos de concessão e estatutos, que
passarão a ser as “traves mestras de uma RTP mais focada como
programadora e agregadora de conteúdos audiovisuais e mais capacitada
para se posicionar como o grande agente dinamizador do mercado de
produção audiovisual independente”. Ou seja, o serviço público perderá,
ou pelo menos diminuirá significativamente, a sua componente de produtor
de conteúdos.
No seguimento das declarações do ministro da
tutela, Miguel Poiares Maduro, de a RTP passar a ser gerida por uma
entidade “genuinamente independente”, o documento das GOP afirma já que
um dos objectivos para 2014 em relação ao serviço público é “reforçar os
mecanismos que garantam o desígnio de independência, pluralismo e
responsabilização da comunicação social do Estado, tornando-a num factor
crítico de regulação do mercado”.
Portugal Publico
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